Revista LOJAS Papelaria - Edição 311

26 - LOJAS PAPELARIA MUNDO DIGITAL Certamente transformação digital é um dos as- suntos mais falados nos últimos tempos. Todas as empresas precisam de fato empreender uma verdadeira jornada de transformação digital em seus negócios para se manterem competitivas no mercado. Mudar conceitos e modelos de negó- cios que fizeram empresas e empresários serem bem-sucedidos é um enorme desafio, tanto do ponto de vista empresarial, quanto pessoal: na mentalidade de acionistas, sócios e executivos. Um dos segmentos de negócios que mais prosperou nos últimos anos no Brasil foi o seg- mento do atacarejo, um modelo que combina o papel híbrido de atacado, ao atender pequenos comerciantes e transformadores (pizzarias, “do- gueiros”, lanchonetes etc.) e varejo, ao atender também o consumidor final. Mas o que significa e no que pode impactar a transformação digital para esse segmento tão relevante para o país, que gera milhares de empregos e atende milha- res de clientes? Sem nenhuma pretensão de fazer exercícios de futurologia e nem de esgotar o assunto, penso que a “tão falada e ainda nem tão praticada as- sim” transformação digital já impactou e ainda vai impactar com força o atacarejo, tanto em suas atividades “core” tradicionais (comprar, abastecer, operar as lojas e vender), como nas atividades de “suporte” como finanças, supri- mentos, jurídico, manutenção de lojas. As áreas de TI e RH antes chamada de suporte, trans- formaram-se em estratégicas e possuem papéis fundamentais nessa jornada de transformação. No caso da TI, há a dificílima missão de orques- trar todos os sistemas e ferramentas que cada processo requer, fazer o básico bem-feito e ao mesmo tempo trazer inovação. No caso do RH, o desafio permanente de identificar as pessoas com o perfil e atitudes condizentes com a cultura e propósito da organização somou-se à mentali- dade digital exigindo uma transformação cultural. Quando se fala em transformação digital no ata- carejo a primeira questão que vem à mente é o e-commerce, vender pela internet. Claro que isso é importante, principalmente quando se acrescenta uma visão “anywhere channel” em que o cliente pode comprar pela internet e retirar A Transformação Digital chegou ao Atacarejo Por Rodrigo Catani, head de potencializar vendas da AGR Consultores na loja, para ficar apenas em um dos modelos possíveis e mais comuns. Para isso, é preciso uma série de ajuste em sistemas, processos, procedimentos operacionais nas lojas, questões fiscais e no modo de analisar os resultados de cada canal e/ou loja. Mas a transformação digital é muito mais do que uma operação “anywhere channel”. Ela começa com o uso de sistemas e ferramentas que apoiem o planejamento mais efetivo da de- manda, a otimização de compras junto aos for- necedores, a gestão do cadastro de produtos e fornecedores, a definição e monitoramento do sortimento ideal para cada loja, a automação da gestão de verbas com fornecedores, a precifica- ção dinâmica, a venda automática de espaços privilegiados em ilhas ou pontas de gôndola e muitas outras transformações nas relações co- merciais entre fornecedores e o atacarejo. A transformação digital também pode e deve apoiar a gestão na Logística, nos Centros de Distribuição com sistemas de WMS (sistema de gerenciamento de armazém) integrados ao ERP que agilizem toda a operação logística, garan- tam a acuracidade dos estoques, o bom funcio- namento do controle da validade e melhorem o abastecimento das lojas, equilibrando estoques para evitar excessos e rupturas. Além disso, é fundamental medir o desempenho de entrega dos fornecedores (cortes e prazos) para o cálcu- lo dos lotes ótimos de compra. Na operação da loja, geralmente não é viável e nem adequado ter um WMS, mas é importante ter alguma ferramenta que controle os estoques nas áreas de venda, nos estoques aéreos das estruturas porta-pallets no piso de vendas e na retaguarda das lojas. Alguma ferramenta que mostre os pontos de ruptura e sugira o momen- to adequado de reabastecimento das prateleiras é importante para evitar perda de receita. Fer- ramentas no recebimento de mercadorias são necessárias para garantir a agilidade e controle da entrada de mercadorias dentro das condi- ções comerciais negociadas e dos padrões de validade acordados. A Prevenção de perdas também precisa se beneficiar da transformação digital, com processos seguros e rápidos de in- ventário de mercadorias e na correta aferição de receitas de produtos nas lojas, de produtividade no manuseio do açougue, padaria e frios e nos descartes de produtos avariados e/ou vencidos. Na etapa final da venda no POS, a transforma- ção digital pode vir em forma de algo que com- bine checkouts automáticos, uma ferramenta de CRM (sistema de gerenciamento do cliente) com um programa de fidelidade, “cashback”, clube de benefícios e um cartão de crédito próprio. Com tudo isso analisado de forma integrada, é possível oferecer ao cliente frequente, seja ele o consumidor final, o pequeno comerciante ou o transformador, uma experiência de compra mais agradável e sem atritos. O cliente pode ter aces- so antecipado a ofertas específicas, como por exemplo, a pizzaria recebendo uma promoção de queijo muçarela ou o consumidor receber a promoção do seu vinho favorito. O “big data” re- sultante de toda essa jornada deve ser analisado e processado para gerar informações sobre os perfis e comportamentos de compra dos clientes e gerar insights para toda a organização. Quando pensamos nos processos de suporte, como é o caso dos contratos com fornecedores ou gestão de crédito a clientes B2B, a tecnolo- gia disponível agiliza muito a operacionalização dos processos. A possibilidade de automação e até mesmo a robotização (RPA) de processos como fechamento de caixa, de alteração de preços, de antecipação de títulos e conciliação bancária, entre outros já é uma realidade. Enfim, falamos muito sobre ferramentas e siste- mas e muito ainda deverá evoluir, mas nunca é demais lembrar que são pessoas que fazem as ações acontecerem, que definem as parametri- zações para os algoritmos funcionarem, que ge- renciam as operações. Portanto, não adianta ter a tecnologia “da NASA” com processos inade- quados e uma equipe que não esteja preparada para o “novo” e alinhada para extrair o máximo da tecnologia em prol do cliente, da operação e do resultado da companhia. Sabemos que no último ano as empresas correram para entregar o “anywhere channel” e entendemos que 2022 será o ano de ajustar, otimizar e simplificar os processos implementados.

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