Revista LOJAS Papelaria - Edição 337

LOJAS PAPELARIA - JULHO 2024 27 Por Raissa Specian, Proprietária da Papelaria Judá e colunista da Revista LOJAS Papelaria Já aviso que esse texto vai dividir opiniões, então fica até o final que vou te contar a experiencia que eu vivo na pele todos os dias, tendo loja física e loja on-line no segmento de papelaria há 10 anos. Eu tenho loja desde 2014 e com o crescimento das minhas redes sociais começaram a me perguntar se eu “enviava o produto”. Entendi que precisava ter um site e o criei numa ilusão, era um anuncio assim: “clique aqui e venda para todo Brasil grátis e agora”. Me deparei com o primeiro obstáculo: a hora que comecei a cadastrar os produtos, pensei, “gente, como isso demora... Como vai ser na hora que lançarem novidades? Vai levar um tem- pão. E o que é tabela de frete?”. Era a ponta do iceberg. Acabei contratando alguém para me ajudar, na época, a cadastrar produtos e criar uma página bonita para mim. Inaugurei meu site em março de 2020 e mal sabia que, 20 dias depois, o Brasil pararia e as vendas online iam bater recordes jamais alcançados. Como eu estava preparada, eu surfei essa onda e fizemos um bom pé de meia. Uma vez perguntaram à Sabrina Nunes, fundadora da Francisca Joias, qual melhor momento para ter uma loja on-line? “O primeiro melhor momento para começar foi ONTEM, o segundo melhor momento é HOJE”, ela res- pondeu. Essa frase gera uma urgência e, também, uma pressão no ouvinte. Realmente, quem não quer “estar na rua mais movimentada do mundo”, ou seja, a internet. E de fato, a Francisca Joias é um fenômeno no seu segmento. Por outro lado, acho que a crença de que “criar um site é a solução dos meus problemas” pode conduzir muitas pessoas ao engano, pensando que, no dia seguinte da abertura da loja online, estarão cheios de pedidos e estoques esgotando. Acontece que, assim como a loja física, para ter vendas é necessário ter pessoas. Surpreende, não é? E se na loja física elas vêm de estar passando na rua, de terem visto num folhetinho, de terem passado em frente a vitrine no shopping ou até de estar seguindo nas redes sociais. Da mesma forma acontece com o site. Essas pessoas precisam saber da existência da sua loja de alguma forma, isso se chama “fonte de tráfego”. Pode ser que, na primeira vez, você divulgue para amigos e família pelo whatsapp e vai ter alguns acessos, mas como isso vai se manter dali para frente? Por isso, recomendo que se faça as seguintes perguntas a si mesmo e aos sócios e envolvidos, quando pensar em expandir seus canais de venda para site: 1 - QUAL TEMPO EU TENHO PARA ME DEDICAR A ESSE SITE? Uma loja online é uma loja completa. E vai te exigir as mesmas horas de de- dicação de qualquer negócio que você for iniciar. Não adianta tratar como “quando der um tempo eu faço”. Você lembra quando começou a empreen- der? Que a sua loja era o seu bebê? Te fazia acordar de madrugada, te fazia perguntar para as pessoas dicas, pedir ajuda, ler, contratar, errar, refazer e O que ninguém te conta sobre loja on-line se doar, às vezes até mais que 8 horas por dia, lem- bra? Então... É isso. Não é complemento de venda. Por mais que você contrate alguém para criar seu site, quem o mantem depois? Quem cadastra os produtos lá? Quem embala o pedido? Quem faz re- posição de mercadoria nele? Quem vai atender os clientes? Quem chama os clientes para o seu site? Com que frequência? 2 - DA ONDE VIRÃO OS CLIENTES QUE VÃO ACESSAR MEU SITE? Entre as opções temos: anúncios no google, pre- sença nas redes sociais, como ter uma página no Instagram, TikTok, produzir vídeos para YouTube. Ou mais simples (e menos eficaz): enviar pelo WhatsApp para que meus clientes vejam as opções da loja. Em último caso, você pode se inserir em um Marketplace, como Mer- cado Livre, Shopee, Amazon e nem precisa de site próprio. A desvantagem é o percentual descontado das vendas, que faz parte do jogo e deve estar no seu cálculo de venda. 3 - ENTENDO DE TECNOLOGIA E SEI QUE ISSO VAI SER FUNDAMEN- TAL PARA O SUCESSO? Se você não for um investidor milionário, que vai ter grana para uma equipe gigante de especialistas, saiba que você vai precisar se envolver e entender pelo menos um pouco da parte técnica. É um site! Pré-requisito é ter o mínimo de afeição por tecnologia. Você pode até iniciar sendo um leigo e fuçador, mas para obter o sucesso você vai precisar de mais conhecimento, ferramentas, extensões e aplicativos que deem mais automação para o seu site. Não se engane achando que vai chamar seu sobrinho jovem, sábado à tarde, para dar uma olhada. Site que vende todo dia não é para amadores. 4 - JÁ FAÇO O MÍNIMO? Para quem não quer site ainda, acredito que existem alguns passos fun- damentais para o empreendedor em 2024, que são grátis e geram muito resultado: Ter uma página do Instagram com seu nome fantasia contatos, endereço e uma pequena amostra de fotos dos produtos no feed, mesmo que sem frequência de postar lá. Apenas para fincar a bandeira; Alimentar o Google Meu Negócio com seu horário de funcionamento, ende- reço telefone atualizado e fotos do estabelecimento, mesmo que opere de porta fechada para dar um ar de mais credibilidade; E gastando muito pouco ou nada você consegue encomendar ou até fazer um site institucional com seus contatos, endereço, aba de “pedido de orça- mento”e fotos do local e dos produtos. Mesmo com os desafios da loja online, preciso dizer que não me arrependo. E passaria tudo de novo pelos aprendizados acima. E me orgulho em dizer que vendemos todos os dias e já vendi para quase todos os estados do país. Meus clientes vêm de forma orgânica, das redes sociais aonde posto conteúdos todos os dias, desde 2017, e sonho em escalar ainda mais!

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