Revista LOJAS Papelaria - Edição 294
42 LOJAS PAPELARIA ARTIGO A gestão empresarial para PMEs (Pequenas e Médias Empresas) não mudou muito nos últi- mos 20 anos. Desde que comecei a participar de consultorias em gestão, os fundamentos são os mesmos. Porém, a partir de março deste ano as coisas mudaram repentinamente. Fazer uma previsão pós-quarentena para nossos clientes e demais empresas é muita pretensão, mas gos- taria de compartilhar algumas reflexões para ajudar no processo de reabertura dos negócios. Algumas premissas antes de começarmos: • 1 - A pandemia não irá terminar em um dia específico. Não sou especialista em saúde, mas pelo que tenho acompanhado, o coronavírus atingiu apenas parte da população e a imuniza- ção com efeito rebanho, quando mais de 70% já tiveram contato e desenvolveram anticorpos contra o vírus, está muito longe da realidade. As vacinas, infelizmente, ainda não são viáveis. Por isso, a flexibilização e monitoramento do avanço da contaminação ditará as idas e vindas da qua- rentena e isolamento. Ora os estabelecimentos abrem, ora podem fechar. • 2 - O medo e insegurança imperam. Medo de contaminação, medo de perder a vida ou de perder um ente querido, medo do desemprego ou de perder renda. Existe um colapso total das pessoas e isso impacta em como elas irão con- sumir produtos e serviços daqui para frente. • 3 - Adaptação e mudanças na rotina. Vivencia- remos uma mudança importante na forma como as pessoas irão trabalhar, como irão à escola, como vão se alimentar, como consumirão cultu- ra e entretenimento. Todas as atividades devem sofrer alguma adaptação tendo como foco se- guir regras de higienização, distanciamento e a priorização das atividades remotas. • 4 - Setores e segmentos. Alguns foram dura- mente impactados, como as áreas de eventos, turismo, bares e restaurantes. Outros, caso do segmento de higiene e limpeza, nunca cresce- ram tanto. Por isso, o empresário deve buscar segmentos que tenham demanda para prosse- guir e crescer, mesmo no meio da pandemia. • 5 - Com o plano de “retomada consciente” do governo do Estado de São Paulo, deveremos A nova gestão para pequenas e médias empresas Por *Haroldo Matsumoto *Haroldo Matsumoto é especialista em gestão de negócios e sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa, consultoria multidisciplinar com atuação entre empresas de diversos portes e setores da economia. monitorar a abertura ou fechamento dos esta- belecimentos, determinado pelo avanço ou di- minuição da contaminação. Diante de todas essas premissas, vejo que a gestão das PMEs deve ser realizada dia após dia, com planos de curto prazo e análise de in- dicadores de receita, pagamentos, produção, estocagem, custos e equipe feitas com bastante critério. Por conta da abertura flexível, não se pode investir muito na produção com a certeza do escoamento dos produtos. Por outro lado, o empreendedor também não pode ser surpreen- dido por uma demanda maior e perder oportu- nidade de gerar receita. Neste momento, todos os controles devem estar à disposição de cada gestor para tomadas de decisão imediatas. Não há dúvida de que entraremos em uma re- cessão. Por isso, os produtos com apelo de preços menores e para baixa renda têm po- tencial de consumo maior. Passamos pela mesma situação em 2014 e, pela experiência acumulada, sabemos qual caminho escolher agora. Temos bagagem para entender quais produtos e serviços precisam ser readequados de acordo com a propensão e poder aquisi- tivo dos clientes. Isso faz com que sejamos cães farejadores de desperdício e elimina- dores de custos para manter preços baixos. Deveremos trabalhar, ainda, nas ações de pro- teção. Telas de acrílico, faixas pintadas no chão indicando distanciamento, controle de entrada de clientes nos locais, dispenser de álcool gel acionado com os pés, cabines isoladas por pes- soa ou por família, atendimento à domicílio e outras iniciativas devem ser executadas e divul- gadas para que o cliente tenha confiança para consumir produtos e serviços da sua empresa. Temos recomendado para os donos de em- presas que não arrisquem investir em novos negócios neste pós-pandemia, pois além da demanda ser menor, há o risco de encarar con- correntes que estão fazendo de tudo para so- breviver e, por isso, corroem as margens que um iniciante não tem fôlego para enfrentar. Infelizmente, neste momento veremos que aqueles que não trabalham com boas práticas de gestão não vão resistir à crise. A pandemia só acelerou o processo, que mais cedo ou o mais tarde, iria acontecer, que é o fechamen- to de empresas conduzidas por pessoas que deixaram de lado o planejamento, o acompa- nhamento das ações, a tomada de decisões baseadas em dados, enfim, que não se va- leram da gestão atenta do próprio negócio. É claro que também existirão boas notícias. Ve- remos empresas que trabalham da maneira cor- reta se reinventando e superando as dificulda- des. O novo mundo que nos aguarda será muito diferente de 2019 e de outros anos. A velocida- de das mudanças já ditas há tanto tempo nun- ca esteve tão evidente. Empresas que utilizam plataformas digitais vendem mesmo com o iso- lamento social, as videoconferências e o ensino à distância já provaram que o ensino tradicional pode ser substituído. Por isso, o empreendedor deve ter a mente aberta para o novo e experi- mentar outras formas de gerir sua empresa. Tal- vez, ficar agarrado à forma como a gestão era feita até poucos meses atrás, levará a empresa a permanecer no passado. A empresa que me- lhor se beneficiará é aquela cujo gestor segue a citação de Alvin Toffler: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e es- crever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.
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